--- Não existe em mim, qualquer espécie de complexo de provincianismo ou de inferioridade bacoco, isso permite-me ter o discernimento necessário para não ter qualquer tipo de problema em pronunciar nomes dos adversários, a não encará-los como inimigos, a não fazer de um jogo ma guerra e a saber reconhecer quando uma equipa foi melhor.
BENFICA 1 PORTO 2 - O Porto jogou melhor e ganhou bem, porque foi mais capaz, teve mais vontade e além de tudo, assumiu o jogo de forma muito mais tranquila, o que lhe permitiu assumir o jogo desde o apito inicial.
O jogo ainda não tinha qualquer equipa com superioridade, quando surgiu o golo inaugural, sempre muito importante neste tipo de partidas, um frango monumental de Roberto, permitiu que o Porto, num lance aparentemente inofensivo se colocasse em vantagem no jogo, o que lhe deu ainda maior tranquilidade.
Roberto, que esteve intimamente ligado a mau início de temporada do Benfica, ficava agora ainda mais ligado ao título portista,é preciso perceber que o guarda-redes espanhol, capaz das defesas mais fantásticas e dos frangos mais incríveis, é um guarda - redes habituado a equipas pequenas, que está ainda em fase de adaptação a uma realidade diferente e que para poder ser um bom nº1do Benfica, tem ainda muito que palmilhar, essa é uma realidade evidente.
Com a vantagem no marcador, a equipa portista, que assenta o seu futebol na consistência e povoamento do seu meio campo, fazendo do transporte e posse de bola o seu forte, fiou nas 7 quintas e nem mesmo o golo do empate, numa penalidade convertida por Saviola, lhe retirou a confiança.
No entanto,com esse golo a partida ficou de novo equilibrada, embora se sentisse sempre um Porto mais capaz e foi e mais um erro defensivo que o guarda redes do Benfica comete a penalidade que permite que a equipa portista chegue ao intervalo com uma vantagem importante e que se revelou decisiva.
Na 2ª parte, o Porto voltou a entrar melhor, ainda mais tranquilo, ante um Benfica com várias contrariedades de peso e sem conseguir ganhar a posse de bola, porque no meio campo, o Porto colocava mais unidades.
Contudo, o jogo estava mais partido e ambas as equipas dispunham de alguns lances de perigo, até que Otamendi, em mais uma entrada dura, vê o 2º amarelo e coloca sua equipa em desvantagem numérica.
Nesse período, houve mais Benfica, Cardozo, tanta vez criticado, mostrou como a sua acção é decisiva na equipa, fixa os centrais adversários, abre espaços para quem vem de trás e é uma referência fixa no ataque, algo que Jara não é nem pode ser.
Mas, numa fase em que o Benfica estava mais por cima do jogo, a única diga-se, Cardozo descontrolou-se e é expulso, sinceramente, pareceu-me algo forçada a expulsão, porque o paraguaio não chega a atingir o seu adversário, que mostrou ser forte no teatro.
A partir daí o jogo voltou a ficar dividido e no fim do jogo, depois de Roberto com uma grande intervenção ter negado o 3º golo ao Porto, o Benfica desperdiça o empate, primeiro num remate contra uma adversário e depois com uma recarga ao poste.
No fim, vitória e festa portista, justa e que decidiu o novo campeão nacional a 5 jornadas do fim da prova.
Sei que o sentimento de alguns benfiquistas é de amargura por verem o Porto ser campeão na Luz, sinceramente e já o tinha dito antes, isso a mim não me causa qualquer sentimento especial, amargura causa-me apenas o Benfica não ser o campeão, porque o que me interessa mesmo é ser campeão seja lá onde for.
O Benfica na minha opinião, opinião essa de um leigo na matéria, errou, errou, porque não fez aquilo que lhe permitiu vencer no Dragão, ou seja, não deu consistência no eu meio campo, com a colocação de alguém no auxílio a Javi Garcia, facto esse que permitiu ao Poro ter sempre mais unidades no meio campo ganhar as rédeas do jogo e foi isso que fez a diferença no jogo.
Agora, vem aí o jogo da Taça, esse sim importante para o Benfica e os condimentos são completamente diferentes porque o Benfica entrará a vencer por 2 a 0 e a obrigatoriedade do adversário entrar para ganhar por 3 a 0 e não simplesmente para vencer, fá-lo entrar muito mais pressionado e se o Benfica colocar a tal unidade a mais no meio campo, certamente será muito mais capaz e forte e eu digo já aqui que estou plenamente confiante que nesse jogo a festa será nossa e que o Benfica não vai perder esse jogo, porque desta vez, a vantagem moral está do nosso lado. Apenas não dou os parabéns ao novo campeão porque sou coerente nas minhas análises e porque sou recíproco na incapacidade que existedo outro lado em saber fazê-lo e apesar de ter a convicção e achar que o Porto foi claramente a equipa mais forte da prova, houve condicionalismos vários, alguns dos quais roçaram a vergonha ou falta dela, que condicionaram o normal desenrolar da competição, permitindo uma clara e importante vantagem pontual ao Porto que lhe conferiu a injecção de moral para esta caminhada, ao invés do Benfica, que em jogos vários foi impedido de ganhar essa moral, embora não se possa escamotear os muitos erros próprios e esses há que assumi-los e emendá-los.
Para mim, como sempre disse, esta foi a liga da vergonha e mantenho.
Quero ainda dizer que não vou fazer comentários às sucessivas vergonhas desta violência triste e que me faz desgostar deste desporto que adoro, já estou farto, já me chateia e não é este o futebol que desejo e que amo, o que eu desejo é que toda a gente, possa livremente apoiar e vibrar com os seus clubes e para isso, basta retirar dos estádios os energúmenos que mancham e estragam este desporto, se necessário colocando-os onde deveriam estar há muito tempo, atrás das grades,
a culpa de tudo isto é da Liga e da sua comissão disciplinar, sem lei nem roque, porque soubesse agir, se punisse desde o início de forma exemplar, matando pela raiz os tristes acontecimentos que se sucedem, com toda a certeza hoje o futebol estava mais calmo. Para terminar registar a dimensão regional da festa do Porto, a qual se resume A Alameda do Dragão, onde apenas 5 mil esperaram o autocarro, 6 vezes menos pessoas que o Benfica colocou em Paris num simples jogo de futebol, essa é a diferença entre um clube e outro e é isso que lhes dói na alma, porque por muito que ganhem, não conseguem ser enormes.