terça-feira, 23 de outubro de 2012

BENFICA SEM CHAMA EM MOSCOVO - Mas tudo continua em aberto.

   Antes de fazer uma análise ao jogo, devo começar por dizer, que me faz alguma confusão, o modo trágico com que os próprios benfiquistas analisam os jogos da sua equipa, por muito que nos custe perceber esta realidade, isto não são os anos 60, lamento mas não são e não representa nem tragédia nem escândalo nenhum perder em Moscovo frente ao Spartak, embora fosse mas natural o Benfica ganhar, a verdade é que as diferenças não são assim tantas e o investimento dos russos no futebol é hoje brutal.
    Esta coisa de cada vez que se perde um jogo em que há esperança de ganhar porque nos julgamos melhores, pedir logo que rolem cabeças de tudo e todos, arranjar culpados em todo o lado, é uma tolice de todo o tamanho e se calhar, fazia-nos bem, olhar um pouco para o vizinho do lado e ver qual o resultado que dá as sucessivas mudanças de treinadores e direcções sempre que algo não corre bem, era bom olhar, aprender e perceber que esse não pode  ser o caminho que também já foi o do Benfica.
   Caramba, estamos a falar da Liga dos Campeões, hoje o campeão Europeu perdeu em Shaktar, a Juventus em Nordjelland, o Manchester United viu-se de desejou-se para ganhar ao Braga e o Barcelona só ao soar do gongo ganhou ao Celtic e esses sim são tubarões na Europa, com muito mais responsabilidades que o Benfica e não consta que por esses resultados se ande a pedir a cabeça de toda a gente, perceba-se que há 2 equipas a jogar, os adversários têm muito valor e embora esteja triste com a derrota e ache que este grupo estava perfeitamente ao alcance do Benfica, mesmo sem Javi e Witsel, a verdade é que isto é um jogo e até ao momento os adversários têm estado melhores e como tal estão de parabéns.
    SP. MOSCOVO 2 BENFICA 1 - Na ante visão deste jogo, tinha alertado que uma das grandes adversidades que o Benfica iria encontrar, seria o relvado sintético e embora isso esteja longe de ser a única justificação para uma entrada em jogo a roçar a mediocridade, teve o seu peso.
    De facto, o Benfica entrou em jogo estranhamente nervoso, apático e sem reacção, ao invés do seu adversário que entrou forte, decidido e com vontade de marcar cedo.
    Perante tal alheamento da equipa do Benfica, foi de forma fácil e natural que o Benfica começou desde logo a perder, ainda nem 3 minutos havia de jogo.
   Nos primeiros 20 minutos, o Benfica não acertava no tempo de entrada aos lances, parecia atordoado com a maior vontade do adversário e tinha realmente alguma dificuldade em jogar neste tipo de relvado.
    Numa fase em que finalmente e após alguns sustos, o Benfica começava a equilibrar o jogo, surgiu o golo do empate por Lima, nesse aspecto, o Benfica foi feliz, exceptuando um remate forte de Rodrigo, o Benfica marcou na sua 1ª oportunidade.
    O jogo caminhava nesta fase algo equilibrado, embora a falta de marcação e capacidade de ter a bola no meio campo fosse demasiado evidente e isso dava confiança ao adversário que aos poucos voltava a ser melhor, mais perigoso e a criar algumas situações aflitivas na defesa do Benfica, fruto de permeabilidade do seu meio campo.
    Conforme o Benfica foi feliz ao empatar, foi também algo infeliz em sofrer o empate à beira do intervalo, num lance que começou com uma abordagem deficiente de Matic numa bola dividida e depois com Bruno César, sempre desligado do jogo, a ser ultrapassado pelo ala do Spartak que cruzou para a área onde Jardel acabou por ser infeliz, no entanto há que dizer que a vantagem dos russos ao intervalo era justíssima e se calhar até pecava por escassa tal a pálida exibição do Benfica.
    Na 2ª parte, o Benfica entrou melhor, mais adaptado ao campo, com as suas linhas mais ligadas, mas sem conseguir que alguém no meio campo agarrasse no jogo e pauta-se o ritmo da equipa, assim, quer Lima, quer Rodrigo raramente eram bem servidos, apenas Enzo, a espaços, mostrava uma entrega e uma vontade enorme de remar contra a maré.
   Inevitavelmente Jorge Jesus teria de mudar algo e fê-lo bem, tirou um apagadíssimo Bruno César e um desinspirado Rodrigo, fazendo entrar Gaitan e Cardozo e a verdade é que a partir dos 65 minutos, viu-se um outro Benfica e foi precisamente a partir daí que se percebeu que este Spartak estava ao alcance deste Benfica.
  Gaitan dava mais velocidade na ala esquerda, mais criatividade e ideias de jogo e embora sem criar muitas situações de golo, a verdade é que o Benfica era agora melhor e mais perigoso e teve 2 ou 3 situações flagrantes de marcar, ao mesmo tempo que subindo a sua linha de pressão sobre o adversário, nunca mais a equipa russa conseguiu perigar a baliza de Artur.
   No fundo, faltou ao Benfica nesta fase alguma felicidade que teve na 1ª parte, mas há que saber reconhecer que avaliando os 90 minutos, o Spartak mereceu ganhar, enquanto o Benfica pouco fez para ser mais feliz.
    Findo os jogos do grupo, graças a um golo do Barcelona mesmo ao soar do gongo, tudo está em aberto, agora há que vencer os 2 jogo em casa e depois então perceber em que pé está o Benfica, que até poderá ser apurado com 7 pontos, desde que o Barça vença todos os seus jogos, mas era escusado, creio que um Benfica mais capaz, concentrado e com outra atitude, poderia hoje estar em muito melhor posição e não estar tão dependente daquilo que outra equipa vai fazer.
     Espero ainda que nos próximos jogos em casa, frente ao Spartak e ao Celtic, o público vá ao estádio, apoie a equipa, porque ainda tudo é possível e como já disse, embora o campeonato seja o grande objectivo, pelo seu prestigio, ideal seria apurar-se para os 1/8 de final desta prova, mas continuar na Europa é muito importante para o clube e para isso o Benfica depende de si, dos seus adeptos e do carinho que possam dar a equipa.
   Pela positiva: As boas entradas em campo de Cardozo e Gaitan e Enzo sempre inconformado e aquele que mais tentou dar a volta a passividade do Benfica.
   Pela negativa: A 1ª parte deplorável do Benfica, a qual exige uma reflexão interna e que não poderá acontecer mais seja qual for o jogo, muito menos num jogo de Liga dos Campeões.

  Arbitragem: Á inglesa, excelente.

5 comentários:

Manuel disse...

Concordo em geral com o post. Os russos entraram muito mais motivados (vinham de 4 derrotas!) e cada equipa joga apenas o que a outra permite. Isto é um cliché já muito antigo mas certeiro.
A razão pela qual nós conseguimos subir na 2ª parte tem a ver com o facto dos jogadores do Spartak já não terem capacidade física para correr como o fizeram na 1ª parte..

O treinador espanhol do Spartak, um tipo esperto, tinha a táctica muito clara. Entrar a matar, tentar marcar cedo ajudado pelo facto dos seus jogadores estarem habituados a jogar no num campo de relva sintético, um piso que permite que a bola ressalte mais, o jogo seja muito mais rápido e o equilíbrio por vezes não se consegue tão bem.

Isso foi notório nos primeiros 15 minutos, quando os jogadores do Benfica pareciam atarantados, mas não foi por falta de vontade ou por erro de táctica. Foi porque os russos jogavam tão rápido que os jogadores do Benfica não os conseguiam acompanhar. Isso notou-se muito claramente. E já não é a primeira vez que os nossos adversários entram a matar tentando surprender-nos. Já aconteceu dentro de portas este ano mais do que uma vez. E depois temos de correr atrás do prejuízo. Hoje não deu para marcar mais um golo embora não faltassem oportunidades. No fim, os russos, já sem pernas, estavam em pânico. Infelizmente não aproveitámos...

Culpar ou reduzir tudo à táctica do JJ é ignorar a realidade. Quando o Benfica perde, a culpa é sempre do treinador e do presidente! E quando ganham, de quem é a culpa? Dos sócios, não?




zeparafuso disse...

Concordava na totalidade com esta postagem se o comentário de JJ antes do jogo, não fosse o dar-se por satisfeito com um empate. Toda a gente queria a vitória e ele já ficava satisfeito com um empate. Ontem vi um Benfica, durante 80 minutos, apático. Não é isso que eu gosto no meu clube! E se em vez de se olhar para o vizinho do lado, assim como quem se quer desculpar, olhássemos.....para o vizinho de cima? Ou para os vizinhos de cima? Ontem o Braga, é certo que não ganhou mas, deu espectáculo, grande jogo! O que podemos dizer do Benfica? Em 90 minutos jogou 10? Vamos aguardar pelos próximos jogos. Vamos ganhá-los! Força Benfica!!! Benfica sempre!

vb disse...

Infelizmente para alguns, ontem até terá sido noite de júbilo! Para Rangem um balão de oxigénio! Depois lêem-se por aí elogios ao Celtic, às vitórias morais do Braga e até Maxi tem desculpa já que a exibição inenarrável, a pior dele alguma vez vista, também foi da responsabilidade da tática suicida do treinador teimoso. Nem sei como Artur conseguiu defender tanto! Adiante, que "isto" passe depressa que o Gil Vicente está à porta. E Força Benfica, sempre contigo!

Jotas disse...

Caríssimo benfiquista zéparafuso, não creio que JJ ficasse satisfeito com o empate, o que ele disse e de forma absolutamente realista, foi que queria ganhar, mas que se empatasse já ficaria satisfeito, ou seja, o que me pareceu que ele quis dizer é que ganhando pontos fora aos adversários directos, o Benfica ficaria com o apuramento garantido.
Concordo consigo quando diz que se deve olhar para os vizinhos de cima, há que aprender e o que dizem eles? Estabilidade directiva e técnica, só assim é possível esbater diferenças, mas continuo a dizer que se deve também aprender com os maus exemplos para não cair nos erros deles.
Obviamente não fiquei satisfeito com o resultado e a exibição de ontem, mas isso não me impede de analisar as coisas realisticamente e temos de perceber que a realidade europeia hoje do Benfica não é a mesma de outros tubarões europeus.

Fura-Redes disse...

Sim agora é preciso um estádio cheio para vencermos os dois jogos

 
Adaptado por Blogger Benfiquista