
A preparação do Benfica continua, com vista ao primeiro jogo oficial da temporada, já no próximo dia 26, no Estádio da Luz,
mas mais importante que vencer ontem o torneio do Guadiana, foi a eliminação do Brasil da Copa América, o que a par da eliminação da Argentina, permite que o Benfica possa integrar aquela que será certamente a dupla de centrais titulares com uma semana de antecedência, factor esse que como se constatou ontem é de extrema importância. Este jogo com o Anderlech não fugiu muito ao que tem sido a pré temporada do clube, ou seja, uma equipa que melhora a olhos vistos do meio campo para a frente e uma equipa instável defensivamente, instabilidade essa a que nem Artur escapou no lance do 1º golo belga, tal a falta de confiança que sente nos seus colegas do sector defensivo.
Como sempre defendi, nesta fase da temporada e enquanto os jogos não forem a doer, muito mais importante do que os resultados, é perceber a qualidade dos reforços e a sua integração no grupo e para mim, a maior surpresa foi Witsel, não pela sua qualidade, essa é inegável e já se conhecia, mas sim pela facilidade com que se integrou na equipa, mostrando desde já que é uma aposta segura. Aliás, julgo que a qualidade da equipa do meio campo para a frente é inegável, várias e boas soluções, permitirão certamente ao Benfica, fazer face as contrariedades que se sucedem ao longo da época com igual eficácia, algo que não aconteceu na temporada passada.
Concluindo, foi um jogo agradável, com um triunfo no torneio, que mais não serve do que moralizar as tropas, o que é também muito importante.
Contudo e apesar de ser sempre para mim uma alegria ver o meu Benfica a jogar, mesmo que a feijões, há neste momento algo que me preocupa bem mais que a própria qualidade de jogo da equipa, são as contratações a granel, sem que se note uma política de aquisições coerente ou com rumo definido, às vezes, parece que tudo o que mexe é para vir para o Benfica, com tudo o que nefasto isto tem em termos desportivos e financeiros.
Com sabem e porque muitos de vós já me seguem há algum tempo, não sou pessoa de bater no clube, de andar constantemente a falar mal dele, como sempre defendi, isso é para os adeptos rivais, aliás, essa foi mesmo a principal razão porque fiz uma prolongada paragem nas postagens, mas isso não significa que, enquanto benfiquista atento e preocupado com o clube, não deva apontar, com crítica construtiva e saudável, os erros graves, que julgo estarem a ser cometidos pela direcção do clube, sem que para isso seja preciso colocar em causa a idoneidade das pessoas ou andar constantemente a pedir a sua cabeça ao mínimo percalço como vejo em muito bom sítio.

Portanto, já perceberam certamente, que não me tem agradado nada a quantidade de contratações que o clube vem fazendo e que parece não parar, sem que se perceba um rumo,
não consigo entender, que tenha já vindo uma catadupa de jogadores, muitos dos quais que nada acrescentam em termos qualitativos ao grupo e não se tenha precavido atempadamente a questão do lateral esquerdo, quando se sabia há pelo menos 2 meses que a saída de Coentrão seria inevitável, ou seja, vieram até ao momento 14 jogadores novos e nenhum deles é lateral esquerdo, a maior lacuna do plantel, ou seja, o que transparece é que se contrata sem ter em atenção as reais necessidades da equipa e sinceramente, a mim, custa-me entender esta situação.
A grande virtude de uma boa equipa, é a estabilidade, ou seja, a permanência do núcleo duro da equipa e colmatar com rigor e precisão as suas lacunas e saídas de forma conveniente e atempada e isso é algo que não vi fazer, ou seja, estamos a cair no mesmo erro da época passada, com os resultados que se conhecem.

Li há uns dias um post no magnífico blogue a
" Mão de Vata", em que o mesmo colocava em causa Jorge Mendes, pela diferença de comportamento em relação aos seus jogadores colocados no Porto e aos colocados no Benfica, alegando que os do Porto renovam e os do Benfica vendem-se.
Pois bem, fiz questão de lhe dizer que discordo por completo dessa teoria, se é verdade que o Benfica tem sido imensamente prejudicado por factores externos ao próprio clube, a verdade é que também existem culpas próprias no cartório e não podemos apenas ver fantasmas externos, temos de olhar para dentro, ver os muitos tiros no pé que vamos dando, porque só tendo consciência dos nossos erros, os podemos remediar e evitar.
Nesta questão, a meu ver, a grande diferença está no padrão de comportamento que se diferencia pela diferente atitude dos clubes perante situações idênticas, não olhemos ou vejamos sistematicamente fantasmas externos quando a culpa é própria.
Senão vejamos, o nosso Presidente viaja até aos outros clubes para negociar vendas, o do Porto, espera que viagem até ele e por vezes nem o conseguem contactar, o Benfica dá para o exterior a imagem de querer vender, algo que o Porto não faz, valorizando assim os seus activos.
Basta reparar que o Benfica quando sentiu o assédio de outros clubes pelo Fábio, não mostrou qualquer intenção de renegociar a sua renovação e consequente aumento da clausula, é que com o Di Maria e o David foi exactamente o mesmo, já o Porto, como se sabe, em vez de contratar segurou um dos seus maiores activos, Falcão.

Por isso, nesta matéria que me desculpem, mas a culpa é da direcção do clube, de alguma inércia patenteada e até por falta de visão estratégica e nesse aspecto, por muito que me custe, há que elogiar o Porto.
comissionismo assustador e alguém a comandar o clube de fora para dentro, o Porto, coloca estratégicamente os seus excedentes em clubes da Liga, tendo já colocado jogadores nos clubes que acabaram de subir, criando assim dependência nesses clubes e alguma subserviência e isso é estratégia, algo que incompreensivelmente, o Benfica tem muita dificuldade em fazer e perceber, parecendo-me até por vezes que não são os interesses do clube que estão em primeiro lugar.
Com isto, não quero dizer que tenha pouca fé na temporada que se avizinha, o que quero entes de dizer, é que perante esta estratégia, outros têm um caminho muito mais facilitado pela forma como colocam os outros clubes na sua directa dependência e dos seus empréstimos, tornando depois como se vê, as coisas dentro do campo muito mais fáceis, enquanto que o Benfica, enquanto não perceber isso, terá efectivamente de ser não melhor, mas muito melhor que os outros para conseguir ser campeão.